sábado, 27 de setembro de 2014

FATORES DE RISCO AO DESENVOLVIMENTO INFANTIL



Os primeiros anos de vida marcam, além da aquisição e utilização da linguagem, os avanços motores, cognitivos e sociais. Esses primeiros anos são também primordialmente especiais na formação da personalidade. Este desenvolvimento está associado a fatores genético-biológicos, ambientais, socioeconômicos e culturais.
Quando esses fatores não são satisfatórios acabam por exercer influencias negativas no desenvolvimento global da criança ocasionando riscos que podem culminar em distúrbios do desenvolvimento, comprometendo de forma geral a saúde da criança nos aspectos cognitivos, sociais, educacionais, lingüísticos e psicológicos.






Por esse motivo o conhecimento dos fatores que influenciam negativamente e, portanto se tornam fatores de riscos ao desenvolvimento infantil são praticamente obrigatórios aos profissionais que atuam diretamente com a criança, além deste conhecimento é necessário que esses profissionais reconheçam esses fatores a fim de proporcionarem a criança um olhar preventivo e quando necessário a intervenção precoce com o objetivo de minimizar os efeitos nocivos ao desenvolvimento, portanto é imprescindível a atuação primaria de atenção a saúde da criança, reconhecendo a importância da promoção dos fatores protetivos do desenvolvimento, pois a máxima “é melhor prevenir do que remediar” se faz uma verdade absoluta e universal no que diz respeito ao desenvolvimento infantil, indo de encontro com a concepção do nosso Sistema de Saúde de priorizar a saúde e não a doença.



A intervenção feita a partir desta triagem de riscos pode oferecer um melhor rendimento se for precocemente realizada, pois diversas pesquisas demonstram que prevenir problemas durante a infância exerce efeitos benéficos por toda a vida do ser humano, pois quanto mais tarde a intervenção, menos bem sucedida será.

Sob a ótica fonoaudiológica, a identificação e tratamento precoces de crianças de riscos para o desenvolvimento minimizam a vulnerabilidade a comorbidades como atrasos de linguagem e distúrbios de aprendizagem e conseqüentemente possibilitando melhor rendimento, este seria o trabalho do profissional do desenvolvimento infantil que atua na atenção primaria.

Do ponto de vista biológico, podemos entender como fatores preventivos e de promoção a realização dos exames pré-natais, o aconselhamento pré-natal a assistência ao parto, assistência neonatal, a triagem neonatal (teste do pezinho, da orelhinha), todos esses fatores contribuem significativamente para a redução de condições incapacitantes de base biológica ou pelo menos a detecção precoce.

Em relação aos fatores ambientais, os pais e familiares são os maiores responsáveis pelo bom desenvolvimento dos seus filhos, a importância das primeiras relações na vida de um bebê são à base do seu desenvolvimento, portanto a relação mãe - bebê e suas interações com a figura materna são o mais forte vínculo e exercem grandes influencia no desenvolvimento emocional e psíquico, sendo possível identificar indícios de riscos a partir desta relação a fim de intervir, pois esta é a fase onde o psiquismo e a subjetividade da criança estão em pleno desenvolvimento, e é o cuidado da mãe com este bebê e a satisfação das suas necessidades, ou seja, alimentação,  afeto,  carinho, o olhar, o diálogo, que irão possibilitar que o bebê construa sua noção de mundo e  sua identidade, para isso essa mãe precisa se doar não somente com seu corpo, mas com seu desejo, e esse filho precisa ter um lugar na vida dela  para que possa transmitir a ele os valores simbólicos e culturais,  que vão além de simples práticas maternais.







Do ponto de vista socioeconômico, configura-se como um dos mais preocupantes para o desenvolvimento infantil, a baixa renda familiar, que muitas vezes priva a criança da aquisição de bens e serviços de saneamento básico, alimentação, moradia e outros fatores imprescindíveis ao desenvolvimento e a saúde mental. As crianças que vivem em países em desenvolvimento estão expostas a vários riscos como o de nascerem de gestações desfavoráveis e ou incompletas e o de viverem em condições socioeconômicas adversas. Tal cadeia de eventos negativos faz com que essas crianças tenham maior chance de apresentar atrasos em seu potencial de crescimento e desenvolvimento. Por esta razão, o impacto de fatores biológicos, psicossociais e ambientais no desenvolvimento infantil tem sido objeto de inúmeros estudos.


As características biológicas tem sido há muito tempo as principais determinantes de atraso intelectual na população infantil, isso se faz verdadeiro para crianças gravemente comprometidas, ou seja, existem, como citado anteriormente outros fatores que põem em risco ou promovem o desenvolvimento infantil. Sameroff e Chandler (apud Halpern ET al, 2000) descrevem o “modelo transacional” de desenvolvimento, que relacionam entre si os efeitos da família, do ambiente e da sociedade sobre o desenvolvimento humano, segundo este modelo, problemas biológicos podem ser modificados por fatores ambientais, e determinadas situações de vulnerabilidade podem ter etiologia relacionadas com fatores sociais do meio ambiente.

Por esse motivo, os profissionais que lidam com a primeira infância, devem estar atentos a todos os fatores que podem favorecer ou dsefavorecer o desenvolvimento infantil, a fim de prevenir e intervir precocemente para minimizar possíveis comprometimentos. uma  intervenção terapêutica precoce juntamente com os cuidados familiares, o afeto e o acolhimento, podem transformar a realidade de uma criança.



Resenha de 
Michelle Fernandes







HALPERN, Ricardo; Giugliani, Elsa, R, J; VICTORA, Cesar G; BARROS, Fernando C; HORTA, Bernardo L. Fatores de risco para suspeita de atraso no desenvolvimento psicomotor aos 12 meses de vida. Artigo original, Jornal de Pediatria, 2000.
MAIA, Juliani M D; WILLIAMS, Lucia C A. Fatores de risco e fatores de proteção ao desenvolvimento infantil: uma revisão de área. Temas Psicol. V 13 n.2 Ribeirão Preto, dez. 2005.


OLIVEIRA, Luciele D; FLORES, Mariana R; SOUZA, Ana Paula R. Fatores de risco psíquico ao desenvolvimento infantil: implicações para fonoaudiologia. Revista CEFAC, São Paulo, 2011.

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